Unwritten

sexta-feira, 28 de dezembro de 2007
Artesanato de Antonio de Castro

Último dia oficial do ano. Sim. Último. Ainda que seja dia 28/12 e o mês vá até 31/12. Hoje foi o último dia no trabalho, o último esforço feito para fazer valer o salário suado que recebo ao trocar do dia 4 para o dia 5 de todo mês.

Hoje foi um dia atípico. No trabalho foi tudo bem. Consegui até render nas minhas tarefas. Tudo pronto para sair na hora, sem nenhum minuto a mais. Motivo: Formatura da minha amiga. Sim, aquela com quem perdi a virgindade, com quem fui à árvore de Natal da Lagoa no post das árvores que se erguem.

Liguei para ela para confirmar. Ela não estava, falei com sua mãe, que me confessou o quanto queria que eu fosse. A minha amiga também me disse que queria muito que eu fosse, que seria importante para ela. Enfim, vínhamos planejando isso há um tempo. Isso e o reveillon.

O reveillon perfeito em Ipanema, rave, Stereo Bits. Das 4:00pm até 4:00am. Disposição, ver se eu resisto a tudo isso. Talvez fosse a oportunidade perfeita para eu dar um rumo à minha vida. Ficar com ela enquanto fosse possível, afinal de contas, ela também foi importante para mim. A menina com quem eu beijei na boca pela primeira vez, com quem transei a primeira vez. Descobrimos o mundo juntos.

Devia ir na formatura hoje, me comprometi. Devia também comprar os bilhetes do metrô antecipados para o dia do reveillon. E mais um fato atípico do meu dia atípico. Na hora do meu almoço, a luz da firma onde trabalho foi cortada.

Sim, situação preocupante. Risco de falência, eu acho. E se não há esse risco, é para onde caminhamos. Mesmo assim, fui almoçar, não sou o dono de nada. Fui comprar meus bilhetes na estação e voltei para o serviço atrasado. A firma às escuras.

Ajudamos nas arrumações, preparamos as coisas para a falta de luz não prejudicar as análises que já estavam em andamento e com isso levamos pelo menos umas duas horas e gastamos algumas moléculas de ATP. Suor, deixando meu rosto molhado e nojento, lembrando que se fosse o ano passado, quando eu só estudava, eu já estaria de férias e estaria aproveitando o verão mais que quente que assolava a cidade, quando os dias iam até às 8:00pm.

Durante a correria, meu amigo hetero, que já não é mais tão meu amigo, tentava se reaproximar de mim, me oferecendo refrigerante e biscoitos que eu não queria que ele me oferecesse. Não queria nem que ele falasse comigo mais que o necessário. Evito aturar suas infantilidades e falta de maturidade profissional que ele emana por todos os poros.

Talvez ele já tenha percebido minha intolerância às suas novas atitudes dentro do ambiente de trabalho, talvez ele não suporte o fato de eu e meus amigos, que ele acreditava serem dele também, já termos nos mancado de que tipo de gente ele se trata. Mais um egoísta.

Não vale a pena insistir em uma amizade que não tem destino. Nem sinto mais atração física e sexual por ele. Sou capaz de ver com ainda mais clareza todos os defeitos dele que eu já via. Todos os defeitos aumentados por uma lente de contato de grau máximo.

Durante a correria, meus amigos decidiram ir à praia. Todos estavam preparados, menos eu. Mas fui. Larguei tudo e fui, comprando no meio do caminho uma roupa de banho para poder entrar no mar e refrescar esse verão de rachar. Não sem antes me despedir do meu ex-namorado.

Nos abraçamos, como não fazíamos há muito tempo. Escondidos, num corredor vazio e escuro. Nos abraçamos forte e nos desejamos tudo de bom um ao outro. Ele me deu um beijo no rosto e eu me fui. Ele anda ainda mais estranho. De assuntos com meu amigo hetero... Mas isso não me diz respeito. Só tenho medo de ele estar se iludindo, me perguntando se eu vou ficar chateado por ele ir embora de carro com o tal.

Tirem suas próprias interpretações

Aproveitei a praia com meus amigos. Até às 8:30pm. Até o fim do sol. E não fui na formatura. Estou em casa, postando um texto grande, o que vai ser o último post do ano de 2007. Um ano diferente para mim, quando tudo mudou, quando tive coragem e a oportunidade, eu diria, de fazer e experimentar coisas que até então não havia experimentado ou feito.

Estou postando mais uma história sobre mais um dia da minha infeliz vida de recém-homossexual-adolescente-quase-jovem. Mais um post que alguém, como Gera, que diz que adora o blog mas que acha os posts muito grandes, vai ter preguiça de ler até o final.

Voltamos àquela discussão. Posts devem ser menores ou não? Nem me esforcei para diminuí-los, pois assim que levantei a hipótese os poucos que me liam disseram que não era necessário, que quem estivesse interessado em ler meus textos leria independente do tamanho deles.

Enfim, levarei como objetivos para o próximo ano, esse 2008 que começa terça feira: Tentar mudar minha vida e começar de novo numa relação que vá ter futuro; me esforçar para não terminar meus relacionamentos de uma hora para outra; para não enjoar de quem gosta de mim com tanta facilidade; ser mais tolerante com meu amigo hetero e outras pessoas e aceitar que nem todo mundo é como você quer que seja; beijar na boca de mais pessoas ou de uma que valha por várias, como foi esse ano; e diminuir o tamanho dos meus posts.

Feliz 2008.

3 críticas:

kah disse...

Não sei como dizer isto, mas tb se passa o mesmo comigo, por mais que eu tenha um certo tipo de repulsa por meu "amigo" hetero, non consigo tirá-lo da minha vida nem de meus pensamentos, entende? non neh? deixa pra lah enton!

Feliz Ano novo q tudo q vc queria se torne realidade e muito amor pra todos nós! o/

Anônimo disse...

"Último dia do ano", soa tão definitivo né?
E é um pouco doloroso.
O tempo que passa é irremediável...



Feliz[zie] 2008!
Beijos



www.lizziepohlmann.com

Raphinha disse...

Nem ouse diminuir seus posts!

Realmente seus post ficou meio definitivo demais.2007 nos troxe tantas lições creio que esse ano aprendi a ser mais tolerante... em contra-partida fiquei mais ocioso.Desprezei pessoas e amei outras. Isso é estranho.
Fiquei trite por vc não ter ido pra formatura...

Que nosso próximo ano seja repleto de beijos na boca e tudo de bom que essa vida pode nos proporcionar.

:)