Hábitos

Meu computador dorme ligado e meu anti-vírus passa todos os dias às três da manhã.

Eu tomo leite sempre gelado, esteja a temperatura que estiver, e com bastante chocolate. Nescau de preferência, ainda que a maioria prefira Toddy, isso eu já notei.

Eu gosto de pão com salsicha. Frita, cozida, com molho. Tanto faz.

Eu trabalho em pé, usando tênis Adidas. Viciado em Adidas.

Eu costumo manchar a pele da minha mão de amarelo. Ácido Nítrico do trabalho. Porque de vez em quando eu fico com preguiça de pegar a caixa de luva de segurança.

Eu tomo dois banhos por dia, nos dias normais. Um quando acordo antes de sair e outro quando chego em casa antes de dormir.

Eu só uso perfume importado para sair, porque eu sou pobre.

Eu usava cheque especial, mas parei.

Minha mãe briga comigo porque eu não saio do computador, mas não que ela sinta falta de mim. Ela sente falta é do computador desocupado.

Odeio a faculdade que faço. Do curso às pessoas. Do prédio ao resto. Simplesmente odeio.

Costumo flertar no metrô e no chat da UOL. E nunca arranjo nada que preste em nenhum dos dois, como era de se esperar.

Tenho nome composto e odeio isso.

Não falo com o meu pai há mais ou menos uns quatro anos. Três anos, oito meses e doze dias, na verdade.

Conhecer novas músicas me alegra o dia. Eu adoro gostar de coisas novas. Eu adoro pessoas que me apresentam novas opções.

Me vicio em tudo que me dá o mínimo de prazer. Tipo vício mesmo, daqueles que eu choro e tudo.

Choro muito, com muita facilidade. Soluço de tanto chorar.

Odeio a palavra hábito.

Ouvindo: Pra Declarar Minha Saudade – Maria Rita