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quarta-feira, 22 de abril de 2009
Artesanato de Antonio de Castro

Fim de semana complicado. É só o que eu tenho a dizer sobre os fatos. Sem mais.

Mas hoje decidi sair para comemorar o aniversário de um amigo do trabalho antigo. Aquele que decidiu se assumir homossexual no carnaval de 2008, aquele que eu descobri ter tido um caso com meu primeiro namorado.

Hoje eu percebi como eu gosto dele. Como ele é especial para mim. E como vê-lo agora, feliz, diferente de como ele estava quando se assumiu, me deixa feliz também.

Conheci o namorado dele no show da Roberta Sá em janeiro. Eles então estavam juntos há três meses. Agora já comemoram seis meses. E não dão sinais de afastamento. Não. O mesmo relacionamento que eu vi, há três meses atrás, eu vi hoje. Eles riem um das piadas do outro. Eles dão a mão quando sentam na mesa, trocam olhares que só eles entendem. Eles colocam a mão de um na perna do outro e não tem nada de sexual naquilo. É carinho, sabe?

Eu acho que essa idéia de carinho tá meio perdida para mim. Não que eu tenha feito de tudo para chegar a esse ponto. Acho que não. Mas de repente eu paro para pensar e percebo que a pessoa que mais alcançou longe em mim, nesses termos (de carinho) foi meu primeiro namorado.

Naquela época eu ainda não tinha sofrido com ninguém. Eu não tinha me decepcionado. Não tinha tido traumas sexuais que me faziam pensar no sexo como uma ação. O sexo não era uma ação. Não mesmo. A ação para a gente naquela época era o que sentíamos um pelo outro. O sexo era conseqüência daquilo. Era reação. E era tão bom.

Naquela época eu me entregava por completo. Sem medo.

De uns tempos para cá, desde o fim com meu primeiro namorado, eu não tenho conseguido me envolver com ninguém efetivamente. Eu paro para pensar e surgem oportunidades. Milhões. E eu prefiro ser racional, sabe-se lá por que, e não me envolver.

Eu estou sempre com um pé atrás e isso não tem me feito bem.

Hoje, quando fiquei olhando esse meu amigo e seu namorado fiquei imaginando se meu ex-namorado (o primeiro) também já encontrara alguém para quem ele pudesse se entregar, como se entregara a mim. O fato de ele já ter vivido uma relação intensa com alguém despertou em mim inveja.

Ainda que a hipótese de ele não ter encontrado uma pessoa para quem se sentisse a vontade de dizer que ama (ainda que não soubesse que era inteiramente verdade) me deixou um sentimento de culpa na boca, sabe?

Como se o fato de ele ter se fechado para seus seguintes relacionamentos fosse resultado da maneira como eu terminei com ele. Fosse resultado do sofrimento que ele dizia por muito tempo que estava tentando superar.

Olhar esse meu amigo me faz lembrar meu ex-namorado. Não que eu ame ele ainda, nós nem nos falamos mais. Mas foi com ele que amei a primeira vez. E talvez a única. Foi com ele que descobri um pouco mais sobre mim, ainda que eu descubra um pouco com todo mundo, com ele foi a maior descoberta. A de vanguarda.

Com ele eu senti tanta intimidade, como eu só sinto hoje com amigos seja os virtuais ou os reais. E era bom ter essa intimidade. Era fácil. Se um de nós não queria naquela noite, não teria. E ninguém nunca ficou magoado. Bastava dormir agarrado, sentindo o cheiro do cabelo e mordiscando a nuca. E eu nunca mais vivi isso.

Sinto como se agora as coisas fossem mais automáticas. Como se desde o início eu já estivesse pensando onde aquilo vai dar.

Eu digo: eu não gosto quando é assim.


Ouvindo: Let It Rain – Living Things

6 críticas:

Fabiano (LicoSp) disse...

o primeiro namorado é sempre tudo de bom. O meu ex nao foi meu primeiro namorado, mas considero como c fosse já q os outros duraram pouquissssimo tempo, c compararmos com os 9 anos do ex.

ver vc falar sobre maos na perna, olhares... dá uma saudades daquele tempo... e realmente eh bom qdo há este carinho, sem ser uma relacao mecanica e de obrigacoes.

bjs do Lico

du disse...

.o segredo talvez envolve a habilidade de viver cada momento como um eterno aprendiz. embora poucos consigam seguir em frente sem carregar uma bagagem emocional do passado, o importante é entender e liberar os significados, erros e afins e não colocá-los como regra geral, universal, única.

.abraço

Marcelo Novais disse...

ai Jesus
acredita q meu 1º namorado tbm foi o melhor? =/
Bateu saudade dele agora!
Tenhoooo váaaarios amigos na Cefeteq :p
bjoos!

Diego Silva disse...

Acredito ser uma regra geral. O 1º namorado é como o primeiro brinquedinho, o primeiro salário, o primeiro sutiã de uma mulher.
Damos valor e atenção muito maior por ser novidade e um namoro de primeira viagem é intenso, pois nos dedicamos ao dobro para q seja pra sempre.

Abraços!

FOXX disse...

porque tem que ser ou racional ou se entregar, pq vc não se entrega racionalmente?

Gay Alpha disse...

O segredo é evitar comparações... as pessoas podem ser melhores ou piores do que as outras... mas adivinha: ninguém é igual!!!
Amei a trilha!!!
Hugzz!!!!!