Beijos Molhados

terça-feira, 6 de novembro de 2007
Artesanato de Antonio de Castro

Hoje passei por momentos estranhos.
Logo no início do dia, depois de muitos dias seguidos de insistência, cedi e beijei-lhe mais uma vez. O desejo de beijar-lhe era menor que a pena que eu sentia dele. Acho que eu não conseguiria, nem que meu sentimento fosse algo maior que eu mesmo, me humilhar tanto assim. Pedir por favor para ter um momento de prazer, mesmo sabendo que o outro não sentiria nada, lembrando que há dez ou doze dias teria aquilo com a maior facilidade do mundo.
Parando para pensar agora, vejo o quanto sou ruim como pessoa e o quanto gostaria de crescer. Mais do que gostaria, eu deveria crescer, já está na hora de criar coragem e enfrentar a vida como um adulto. Tomar para mim algumas responsabilidades e assumir um sentimento de verdade sem cansar da pessoa só por causa da estação que mudou... Coisas que devem ser mudadas.
Como pode? Dias atrás, eu estaria encantado com alguma coisa ridícula e sem importância dita no calor de beijos molhados. Agora de tão molhados os beijos me dão... Não diria nojo, mas não me dão prazer por serem molhados, muito menos me deixam encantado. Fazem eu me sentir mal por estar beijando, quando gostaria de estar conversando, falando sobre como as coisas mudaram para mim. Mais uma vez.
Na verdade, eu desisto de tocar no assunto. Toda vez que decido ser um pouco sincero, me sinto mal, pois minhas palavras de verdade, toda a minha declaração de amizade seguida de um "não rola mais" dão margem a ele para fazer mais pedidos, implorar por um pouco mais de tempo. Para quê?
Para me fazer amá-lo novamente. Não. Acho que não acontecerá novamente. Por nada, sem motivo concreto. Algo que nem eu sei explicar. De repente, com o acordar de um novo dia, sentimentos adormecem e nunca mais ressuscitam. Vontades se perdem e tudo se transforma em nada.
Hoje eu sei que o amor declarado no calor de uma longa noite de amor, entre seus braços, com os olhos cheios d'água, esse amor não existe mais. Se existisse talvez eu sentiria algum carinho, me emocionaria ao encontrar um cartão amoroso, daqueles que namorados trocam no ponto mais importante das relações, ficaria feliz sem caber em mim quando lesse as últimas frases: "Te amo! Te amo!". Se esse amor existisse, talvez eu sentiria mais que prazer sexual ao beijá-lo pela manhã e menos que ódio quando fosse pego por um dos funcionários que trabalha conosco que entrara no banheiro enquanto eu fazia caras e bocas de tezão. Se esse amor fosse tão quente quanto um dia já foi, caso exista, eu lembraria que havia um motivo para o cartão, diferente da minha falta de interesse, essa sim desmotivada. Saberia que hoje, dia 6/11 era o nosso dia, isso há pelo menos quinze dias atrás, e contaria esses dias para ver se ele lembraria como em todos os meses anteriores, nos quais ele não lembrara, mas pelos quais eu o perdoara. Lembraria da importância e sentiria ele ao meu lado o resto do dia, só de olhar o cartão, sua letra desenhada de uma maneira peculiar e as duas últimas frases: "Te amo! Te amo!".

1 críticas:

Anônimo disse...

Carinha o que tu precisar basta falar.

Caso eu possa ajuda-lo farei com prazer.

Grande abraço.

Até.