Prazer

segunda-feira, 12 de novembro de 2007
Artesanato de Antonio de Castro

Depois de algum tempo sem postar, volto para falar de mim.
Meu final de semana foi bem atípico. Como se já não bastasse todas as coisas estranhas vividas durante a semana, os momentos constrangedores passados com a pessoa com a qual dias atrás eu passava meus dias mais quentes, no fim da semana ele veio com a pergunta que eu menos imaginava ouvir. Se eu ia na casa dele ou não.
Na hora eu nem acreditei ter ouvido aquilo, eu nem lembrava mais do nosso encontro quinzenal, quando saímos e vamos dormir na casa dele, onde podemos ser nós mesmos depois de nos trancarmos em seu quarto e nos despirmos de todas as nossas roupas. Eram momentos únicos os que eu tinha vivido ao seu lado, nas paredes amareladas de seu quarto, deitados no colchão de casal, como se fôssemos realmente um casal. E éramos, eu acho, um estranho casal, mas ainda assim um casal.
Pra mim, parecia já estar certo que esse casal havia se separado, mas para ele não.Ainda havia nele a esperança de me despertar alguma coisa. A resposta para a pergunta não veio na hora. Eu não poderia me comprometer com algo que depois não poderia cumprir.
Deixei pra responder no dia seguinte e disse que ia. Não custava nada, não iria me feri, nem mudar minha vida para sempre. Seria só a primeira vez que eu aproveitaria do sexo somente pelo sexo e talvez até seria bom. À noite eu deveria estar pronto para encontrá-lo e beijá-lo como se ele fosse alguém sem importância e que me despertasse só prazer sexual...
Mas ele não era isso, era aquela pessoa para quem eu já tinha me entregado quando eu nem sabia para o que estava me entregando, era o meu primeiro homem. Não seria simples jogar tudo isso, o que tínhamos vivido e que tinha sido tão verdadeiro e profundo por uma noite de corpos colados.
Me enganei quando achei que esperando algumas horas para respondê-lo se ia ou não à sua casa no sábado, responderia algo que não me faria voltar atrás e voltei. Liguei-lhe, desmarcando e depois marcando de novo.
Lá estava eu, ao seu lado e parecia que as coisas tinham voltado ao normal. Ao ver sua boca no cinema, me dava vontade de beijá-lo, ao sentir seu perfume, o ímpeto por abraçá-lo era algo quase incontrolável e quando estávamos só nós dois em seu quarto, nosso aconchego do mundo de preconceitos onde vivemos, nosso habitat homossexual, o desejo por ter seu corpo junto ao meu era como de tempos atrás. Verdadeiro e grande.
A noite inteira abraçado à ele, seus carinhos, suas palavras... Tudo.
Até a conversa quando decidi enfim contar-lhe o que vinha acontecendo, minha paixão platônica pelo meu amigo e tudo o mais. Sua compreensão e o modo como ele falava que torcia pra ele ser gay pra ficar comigo... Tudo isso me dava raiva e era melhor ele se calar e me beijar a boca e todo o resto.
Achei que tudo voltaria ao normal, que iria em sua sala hoje, que teria vontade de conversar com ele e de lhe abraçar, mas por algum motivo que desconheço, cada palavra que ele dizia me dava vontade de lhe fuzilar. Era uma raiva sem igual.
Pensei também que depois de um fim de semana de sexo com ele, enfim esqueceria do meu amigo, mas bastou sentir seu cheiro pra me desmanchar, tão bom...
Como eu queria não sentir isso, poder escolher por quem me ama, por quem me deseja, ou que pelo menos deseja algo mais próximo do que sou. Mas não consigo. Ao ver seu sorriso, ao ouvir sua voz é como se ativasse algo dentro de mim que me impede de ver todos ao meu redor, como se só existisse ele, como se o resto não tivesse tanta importância.

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