Reconciliações

quarta-feira, 28 de novembro de 2007
Artesanato de Antonio de Castro

Hoje parece que começou algo que deveria ser uma reconciliação entre mim e o meu amigo hetero por quem estou apaixonado. Sim , eu evitei de todo modo. Nos últimos dias tem sido cada vez mais difícil conviver com ele.
Faço de conta que não percebo sua presença quando ele entra no mesmo setor que eu, mas internamente rezo para que ele venha até mim e me dê o máximo de atenção possível , para que eu possa fazer uma cara feia e dizer que está tudo bem.
Mas ele não vem. Ele me pergunta se está tudo bem, eu respondo que está, forçando para que minha expressão facial diga o contrário. Ele aceita minha resposta e vai embora. E eu fico resmungando coisas sem sentido, amaldiçoando ele silenciosamente.
Ele troca algumas palavras comigo no decorrer de um dia inteiro, as pessoas começam a reparar nosso afastamento e perguntam por que não estamos mais sempre conversando e rindo como dias atrás.
Eu digo que está tudo bem, e está mesmo, pelo menos para ele. Ele não sente minha falta e acredita que eu não estou diferente com ele mesmo eu não dando atenção a ele como dava nem respondendo suas perguntas com bom humor.
Mas todo dia, ao se aproximar o fim, espero que ele me pergunte a hora que vou embora e diga que vai me esperar, mas nunca acontece. Quando eu saio mais tarde, ele sai mais cedo e vice-versa.
O metrô não está mais no seu percurso, tem ido pro emprego de carro, mas não demonstra muita disposição por me dar uma carona, como tantas outras vezes fez. Hoje ele fez, ou sei lá.
Acho que nossa situação já estava ficando muito estranha, ao ponto de ele se sentir incomodado e querer se reaproximar. Nada mais justo já que ele não me tinha feito nada que justificasse meu distanciamento.
No meio do dia uma visita me foi concedida. Ele me perguntou como eu estava, pediu para que eu sorrisse e disse que vinha notando minha diferença desde sexta-feira. Foi o suficiente para me convencer que merecia uma segunda chance ainda que estivesse bem claro que não havia nenhuma intenção homossexual. Aceitei a carona e não evitei vir com ele. Nem ele evitou vir comigo.
Conversamos, rimos, sem ressentimentos. Mais nenhum assunto muito profundo, nada realmente pessoal, nada que amigos conversam. Coisas superficiais, sobre o emprego e projetos que estão sendo empregados. Nada demais.
Só uma frase: "Estou desanimado, minha vida pessoal está bem", ou seja, a relação com a namorada. "Minha vida profissional também está bem", créditos com o chefe. "Só que parece que falta alguma coisa". E eu imaginei que o que faltava era eu e que aquilo era uma indireta. Agora eu já me toquei de que eu não tenho nada a ver com essa alguma coisa. Demorou, mas eu me toquei. Na verdade, não foi agora que eu me toquei e sim na hora em que no meio do caminho ele perguntou se eu podia seguir andando. Não era muito ,as não custava nada. Falta de gentileza, sinal de amizade masculina. Nenhuma intenção homossexual.
Andando cheguei em casa, pensando como seria amanhã, como vai ser quando eu entrar novamente no carro dele e seguir. Se eu for com ele. O convite foi feito ,as se ele quiser me evitar, como tantas vezes fez esses dias, ele fará. E eu não vou resistir.
Aos poucos vou acabando com isso e parando de culpá-lo por minha infantilidade e loucura. estou louco de novo. Por viver intensamente um amor platônico, desperdiçando um amor real.
Meu ex namorado também me deu felicidades hoje. O dia não foi dos mais fáceis, mais tivemos várias oportunidades inusitadas de provar que o fim estranho da nossa relação não atrapalhou nossa amizade.
Rimos, conversamos, como não fazíamos há dias. Talvez eu só quisesse me afastar dele para protegê-lo, talvez seja isso que meu amigo hetero quer. Se afastar de mim pra me proteger de mim mesmo e da minha insanidade.

1 críticas:

Autor disse...

estou completamente viciado em ler seus posts.. mas só uma pergunta: vc trabalha com que?