Uma longa viagem

quarta-feira, 21 de novembro de 2007
Artesanato de Antonio de Castro

Meus dias continuam sendo um mais estranho que o outro. Não consigo mais me concentrar em nada que faço, minhas coisas são feitas do jeito mais fácil e fico perdendo muito tempo pensando em assuntos insolucionáveis da minha vida.
Tudo parece, como eu já disse, um infeliz replay da minha vida há alguns meses atrás.
Hoje o meu "amigo" me tratou de modo ainda pior. Passamos boa parte do tempo juntos, devido aos assuntos de trabalho e eu inocentemente cheguei a imaginar que seria bom pois teríamos mais tempo de conversar e rir, como se a viagem do metrô durasse doze horas. Doze longas horas que pareceriam mais curtas do que são na realidade. Horas para fazermos o que fazemos bem em alguns minutos, que é conversar.
Mas não conversamos. É estranho ver a evolução reversa de nossa amizade. Quanto mais tempo passa, mais eu me sinto envolvido e mais as atitudes dele afetam diretamente meu humor, enquanto pra ele as coisas parecem só se afastar. Mais ele evita uma conversa e me evita.
Que fique bem claro aqui, a pessoa de quem falo é um heterossexual que espero nem imaginar o quanto tem se tornado importante para mim.
Me trata de um modo até ofensivo, fazendo parecer que o que eu sinto por ele, mesmo a amizade, tantas outras vezes declarada por ele a mim, seja um sentimento de via única, onde o único percurso existente é o que parte de mim para ele. Como se nossa aproximação fosse algo que eu imaginei em minha cabeça e que hoje preocupa ele, razão do afastamento.
Tenho medo de ele perceber olhares meus pra ele e de ter tido criatividade o bastante para chegar a conclusão de que eu estou apaixonado por ele.
Sim, agora consigo dizer isso. Depois de dias refletindo se o que sentia era paixão ou pura confusão cheguei a conclusão de que se não fosse paixão seria uma confusão universal, dado aos dias inteiros que perdi pensando nele e em nossa situação.
Pensamentos que desabrochavam de um modo característico facilmente identificado por mim, coisa que senti poucas vezes na vida. Com meu último namorado, com o menino que tanto me fez mal no passado.
Tenho medo de tudo se repetir e não me canso de falar isso. Medo de me envolver ao ponto de cobrar coisas demais, medo de já estar cobrando isso. E não é só nisso que penso. Penso na pessoa maravilhosa que posso estar magoando, se não magoando pelo menos entristecendo.
Penso nele com tristeza e carinho. Mais que isso, com raiva pelo sentimento que existia ter ido embora desse jeito tão repentino. Fico pensando nas palavras ditas por ele a mim.
Em como era difícil em ver e sentir meu cheiro sem lembrar de tudo de bom que vivemos. Foi muito bom. Tudo, mas infelizmente foi.
De uma coisa me orgulho, de ter me aberto, explicado a situação e não ter ficado acomodado em todo o carinho que ele vinha me dando ao contrário da pessoa que realmente me envolvia. Me orgulho de ter conversado com ele, de ter dito tudo que se passava dentro de mim, ou pelo menos o que eu conseguia explicar.
Mas nem isso me faz esquecer o quanto estou perdendo e o quanto perdi também. Quando estava com ele e realmente envolvido, dava importância para coisas tão bobas, tantos ciúmes, que nem pude aproveitar tudo que devia, nem gastei muito do meu tempo amando-o de verdade e mais preocupado em saber se ele me amava tanto quanto eu.
Hoje, quando o amor dele é certo e grande por mim, bonito até, hoje parece que nada mais vale a pena. E isso por que?
Para sofrer mais uma vez, como se sofrer fosse minha vida e quando o sofrimento estivesse acabado o caminho a se seguir fosse encontrar outro sofrimento com o qual se ocupar. Agora que ele me amava e não havia dúvida, agora o sofrimento era essa pessoa que me trata mal, que está on-line no msn nesse minuto, que me vê on-line, mas que não sente vontade nem mesmo de me desejar boa noite ou de rir, ou de falar de qualquer coisa engraçada que tenha acontecido durante o longo dia que passamos juntos e tão afastados, cada um em um vagão do metrô.
Pra pelo menos me mostrar que talvez seja uma defesa sua, me ignorar durante o dia de trabalho, mas que nas horas vagas e sou um bom amigo, como alguns dias ele dissera. Mas não.
Olho para meus amigos no msn e o vejo on-line, resistindo para não falar com ele. Passo por uma sala e ouço sua voz e resisto em não entrar e lhe fazer rir. Vejo ele indo embora e resisto em lhe pedir pra me esperar.
Acredito que cresço com isso. A cada dia, a cada vez que resisto. Evitando fazer com que essa amizade confusa que se transforma a cada dia em coisas tão distintas e antagônicas siga o caminho que seguira meses atrás, em outro lugar, com outras pessoas, em outro tempo, com outra pessoa. Alguém bem menor do que sou hoje.

1 críticas:

Johanna disse...

Olá!!


Obrigada por cometar meu blog!!

Desculpa pela demora de responder!

Blog legal o seu!!

Passa no meu quando puder!!

Kisses