Growing Up

terça-feira, 8 de janeiro de 2008
Artesanato de Antonio de Castro

Coisas de criança... Tremo só de lembrar de dois anos atrás, quando minha paixão por meu espectro era muito grande ao ponto de não enxergar a realidade, ao ponto de me negar a ver o mundo com olhos sinceros a mim mesmo, ao ponto de me negar o direito da verdade.

Foram só dois anos que se passaram, mas o suficiente para eu crescer uma eternidade. Naquela época as coisas aconteceram de modo muito surpreendente, tudo era novo para mim. De repente era bom ter um amigo homem com que você pudesse conversar, melhor ainda era o fato de ele ser bonito, engraçado, cheiroso e sempre prestar atenção no que você dizia.

O problema surge quando você percebe que seu amigo novo está apaixonado por sua amiga, que ele gosta mais de ficar com você quando ela está por perto e que esse momento é aquele em que ele menos olha nos seus olhos.

De repente o ciúme toma conta de você e tudo o que você precisa é se fazer ser visto. Você não consegue. Até tenta fazer parte da turma, mas parece muito distante de suas possibilidades.

Até o dia em que ele, bêbado, lhe encontra no banheiro de uma festa de escola e lhe beija a boca sem dizer uma palavra sequer. Beija de um jeito bom e quente o seu primeiro beijo de homem, a primeira vez que sente as línguas se enlaçarem e sente a mão em sua nuca vir do alto.

Depois do beijo, um olhar e de volta às luzes tremeluzentes que iluminavam as faces pecadoras das crianças que se divertiam e fumavam e bebiam como adultos. Crianças... Brincando com meu coração inexperiente, meu coração que se enchia de esperança, toda aquela esperança que desceu ralo abaixo quando ele beijou a menina como me beijara.

As luzes pararam para aquele momento, iluminaram só eles dois, como se o resto de um mundo não valessem a pena, como se tudo merecesse ficar escondido atrás de portas pichadas de um banheiro fedido, como se aquele beijo devesse ter todo o destaque desse mundo, todas as luzes. Vermelhas, azuis, amarelas.

Depois vieram as piadas e aquele que era seu amigo se torna seu inimigo, o responsável pela volta daquelas ofensas e risinhos escondidos, riam de mim e quem começava era sempre aquele a quem, eu descobria aos poucos, amava. Ele podia não ter coragem de me ter por inteiro, acho que também não teria coragem de tê-lo, mas não precisava acabar assim.

E a vingança seria doce. Coisa de criança, ainda era uma criança, daquelas que não admite perder algo, que briga, mente e faz coisas pequenas. Criança que hoje não sou mas, aquela que achava que não era criança como há, sei lá, dois anos atrás.

Sou ainda menos criança hoje do que era quando me vinguei pelo beijo dado a mim e tirado daquela maneira. E esperava até hoje não encontrar mais algo do tipo. Hoje, quando me vi mais uma vez envolvido em uma dessas historinhas de leva e traz.

Quando menos esperava, um colega meu do serviço me diz estar muito magoado comigo pois alguém lhe dissera que eu havia feito dois comentários sobre ele ontem, quando entrava às sete horas. Foi muito até para mim, falar mal de alguém às sete horas da manhã seria muita falta do que falar.

Pior foi descobrir que a pessoa que plantara a notícia tinha sido meu amigo hetero com quem nem falo mais, que nem ao menos me cumprimenta, com quem evito trocar olhares nos corredores.

Só me vem à cabeça o fato de que é muito infantil fazer algo do tipo, até para ele.

5 críticas:

Sentimentalidades-Todas disse...
Este comentário foi removido pelo autor.
Anônimo disse...

Bom, criticas? Não. não seria criticando que faria a "estreia" no seu blog....

Vejo que, acima e independente da manifestação da orientação sexual, amar, desejar, ceder ao incerto que são as relações humans, acaba por nos fazer - vez por outra, joguetes nos mãos de pessoas mais inseguras e vacilantes do que nós.

Fláh disse...

Inveja pura.
Só pode.

Ou desejo enorme de fofocar. ahha

Dexei um selo e um meme pra vc, se quizer fazer.

:)

Nadezhda disse...

Já fizeram isso comigo, mas não do beijo!
E sempre planejei vinganças que nunca aconteceram. Mas dizem que a melhor, é você se sentir bem. Não sei!

Também achei algumas coisas sem sal, como por exemplo a cena da família do Harry, nas últimas páginas! Mas como disse, sendo o último, é especial!

Volto aqui mais vezes também!
Beijos ;)

Raphinha disse...

Odeio jogos.Realmente falar mal de alguém as 7 da manhã é decadente,ano passado passei por uma siruação muito desgastnte,semelhante a sua.
Não me vinguei,mas tive meu acerto de contas.. no fim quem disse que cobra não morre com seu próprio veneno?