Ménage a trois

segunda-feira, 25 de fevereiro de 2008
Artesanato de Antonio de Castro

Acabo de chegar em casa de mais um longo dia de trabalho. O dia poderia ser ainda mais longo se eu não tivesse feito questão de encurtá-lo, indo embora na hora certa ao lado do meu amigo hetero, só para ir ao seu lado.

Ao dar a hora do fim do expediente, ele me dissera que iria ao metrô buscar a namorada e daria a volta, voltando para me buscar. Me aprontei e esperei. Dez minutos depois lá estávamos nós três, dentro de um carro, a caminho de casa.

Mais uma vez. E mais essa vez foi suficiente para me provar o quanto ela é simpática, o quanto é amável e o quanto eu fico feliz ao vê-los juntos. Não sei se a minha intenção é ter ele para mim ou ter algo como ele. Ser algo como eles são. Algo que eu gosto de ver.

Conversamos como em todas as viagens em que estamos os três e percebi o quanto converso com ainda mais fluência com ela do que com ele, o quanto o fato de estarmos em três não me afeta tanto quanto eu penso que me afetaria. Na verdade, nem me afeta.

Ela falava da faculdade que eu estou prestes a cursar e me adiantava coisas que com o tempo eu descobriria do lugar. Me falava do horário e de como eu com certeza vou gostar de tudo.

Ele se sente orgulhoso por me ter como amigo, por poder me mostrar para ela e dizer que é meu amigo. É o que somos no fundo. E quando percebo algo assim, com tanta clareza, me sinto menos iludido, me sinto menos enganado por mim mesmo e menos esperançoso em algo sem fundamentos.

Me sinto melhor, mais maduro. O suficiente para saber que homens heterossexuais não se apaixonam por homossexuais. Que heterossexuais não vão sentir vontade de me abraçar e me beijar como eu sinto por eles. Que um convite para ir embora juntos ou pedir para que eu dê um telefonema não significa que vamos transar em breve.

O problema é que sinto uma forte atração por ele e interpreto tudo de uma maneira errada e acho que acabo fazendo todos ao meu redor entender da maneira que eu quero que entendam, mesmo que essa maneira seja a mais absurda possível.

No fundo eu sei que eu sou só o amigo que divide horinhas nas viagens de metrô ou de carro na volta ou na ida ao trabalho. O amigo que pede carona quando ele e a namorada estão a caminho do shopping para comprar um novo tênis para ele, discutindo se devem ou não passar no mercado antes e comprar uma meia nova que substitua a furada em seu pé.

Ela acha que sim. Ele acha que não. Nem ficaria com um homem de meias furadas.

Ela era a namorada. Eu o amigo. Nada mais natural. Do shopping eu peguei um ônibus. Já estava há dez minutos da minha casa. E muito perto da casa do meu ex-namorado, onde provavelmente ele estaria.

Férias para ele. Um mês de férias no trabalho, descansando e tendo tempo suficiente para refletir sobre todas as coisas estranhas que tem acontecido em nossas vidas e que infelizmente ele é culpado, como o ambiente delicado que está sendo criado com essa relação entre ele e o assumido.

Talvez não passe de teorias que eu tenho. Mas não faz sentido eles estarem juntos como eu achava. Pelo menos não ainda. O assumido hoje, em conversa comigo, falou sobre o filme e me deixou claro que do cinema foi para uma boate gay com o outro casal gay da empresa.

Isso significa que meu ex-namorado e ele não ficaram. Pelo menos não literalmente. Pelo menos não naquele sábado. Talvez nunca. Outra teoria é a de que, se eles ficassem seria algo sério, levando-se em consideração o perfil do meu ex e do assumido e que eles são amigos. Se houvesse algo sério, o assumido não iria sair direto para uma boate gay e ficar com outra pessoa enquanto meu ex se divertia em casa.

Sei lá. E isso também não me diz respeito. Não sei ainda por quê, mas parece que me obrigo a ficar pensando no assunto. Me martirizando com o fato de ser possível meu ex estar com o meu amigo assumido. Com o fato de que talvez daqui a alguns dias seja impossível esconder e que eu tenha de conviver com isso.

8 críticas:

Râzi disse...

Meu querido, eu ouço a sua história e me vejo com 18 anos, apaixonado pelo Marcelo... me lembro de quando contei pra ele e ele simplesmente me disse que não daria, mas naõ me distratou. Lembro que depois disso, ficamos ainda mais amigos e eu virei seu confidente... me lembro de todas as vezes que eu fiz de tudo pra ele não trair a namorada... e lembro de uma vez que a namorada dele (vaca) ligou pra me pedir pra conversar com ele... e depois mentiu dizendo que não tinha pedido nada, porque ele tinha ficado zangado com aquilo... me lembro do tempo que ficamos sem nos falar, afinal, eu estava totalmente ofendido... culpa daquela vaca... me lembro quando voltamos a nos falar por intermédio de um outro amigo nosso... e me lembro da cara dele, a primeira vez que chamei a namorada dele de vaca... hahauahauhauaahua! E ele me deu a entender, depois, que sabia que ela tinha mentido...

Sabe, ainda hoje nos falamos, uma vez a cada seis meses, mas não tem mais paixão.

Hoje eu amo um homem que me ama totalmente. Desejo que isso aconteça pra vc também, lindo!

Beijão!

Leo disse...

Nossa... desculpe se sou inconveniente, mas como é bom ver outros com os mesmos problemas que eu.. me faz sentir menos abandonado no mundo!
Apaixonado por amigo... que bela merda! Talvez uma das maiores sacanagens que o coração possa fazer, porque é do tipo que você não sai, porque não quer! Porque gosta de tê-lo como amigo! Mesmo que ele venha com a namorada a tira-colo. Do tipo que se quer a felicidade dele, mesmo que signifique a sua infelicidade...
Boa sorte para nós...
bjs

Nadezhda disse...

Pelo que percebi, você anda bem confuso.

Tente tirar férias de si mesmo, do seu ex, dos seus hábitos. Vai que você descobre algo novo, ou assimile melhor as coisas!

Não é só você que faz com que as pessoas interpretem as coisas, do jeito que você as quer! Isso é muito natural.

;)

Pollyanna disse...

O que se passa na sua cabeça é diferente do que passa na cabeça dele, ou na dela... isso agente sabe!
Mas... pra você tentar entender o que passa na cabeça de outra pessoa, precisa primeiro entender asua própria... descobrir quais sao os tus sentimentos, aí sim... vai ser mais fácil!
é dificil estar confuso... mas tente organizar suas idéias... sozinho!
Afastar-se é uma otima idéia!
Crie novos habitos, arrume novas caronas...

Anônimo disse...

não vou sumir por tanto tempo mais não..
as férias estão pra acabar =/
mas ainda acompanho os posts^^

Rafaela Abreu disse...

Confessar q ainda gostamos de alguém parece um tanto humilhante, não?!
Entretanto, não é!
O melhor é concertar enquanto ainda dá tempo.

Abraço!

Leo disse...

Eu entendo bem o que você quer dizer. Já passei também por esse estágio de gostar da namorada dele, de achar que se ele estava feliz, é o que importa. Porém com o tempo, percebi que nenhum dos meus amigos gostava dela. E eu era o único que me esforçava pra gostar dela, e no entanto era o que tinha mais motivos pra detestá-la... comecei a assumir meu ódio por ela, e me faz bem... Foram 5 anos da minha vida totalmente apaixonado por ele. Vivenciando cada nuance de sentimento de reciprocidade. Morrendo quando ele não me ligava e ganhando vida por cada sorriso que ele me mandava.
Morei fora do Brasil 1 ano e só pensava nele a cada minuto. Qdo voltei vi que não dava mais! E me preparei pra contar pra ele sobre mim. No inínicio ele levou na boa.. mas depois surtou... e desde entao tenho essa relação de amor e ódio com ele... mas sei lah..acho que sou mais feliz hj... sem esperar o telefone tocar.. sem esperar que ele se interesse por mim.
Meus momentos mais tristes são qdo penso que posso ter algo com ele...
aí me deprimo!
Mas não me arrependo de nada.. foram dias bons...

Fláh disse...

Ooo meu queridoo,
como vc tá?

Ahh eu queria mesmo ler o texto, mas to indo fazer uma provinha, depois leio tá?

Só passei, pra fala que passei. ahsuahusa
(Felizinha, hj é sexta)

Bjoooo.