Sessão solidão

sábado, 23 de fevereiro de 2008
Artesanato de Antonio de Castro




Hoje eu assisti Juno, um filme independente que trata da gravidez na adolescência de um jeito único. Parece até que o assunto já não foi severamente debatido, quando o filme é assistido. A garota foi desenvolvida como uma garota normal de dezesseis anos e seu drama é levado com a naturalidade que se leva o assunto no mundo real do século XXI.

Foi mais um filme, dentre os três do último mês, que eu vi sozinho. Ir ao cinema sozinho. A frase por si só quando dita já é deprimente, agora vejo que fica ainda pior quando escrita na tela do computador.

Ver os casais, entrar sozinho, sentar sozinho, esperar o filme começar sozinho, rezando para que nem um casal sente do seu lado. Mas você é tão azarado que dos seus dois lados sentam-se dois casais. Daqueles bonitinhos. Idade entre 18 e 23 anos, bonitos, com assuntos engraçados, que você ouve e sente vontade de participar.

Sinto vontade de ser como eles. E lembro que quando namorava eu era um deles. Escondido. Conversávamos no cinema num tom de voz bem baixo, mas fazíamos nossas juras de amor, destroçávamos um para o outro nossos desejos sexuais, aproveitando o escuro, e a conversas em sibilos sussurrantes.

Hoje não é mais assim. Hoje meu ex-namorado sai com o assumido. Na frente de todo mundo eles marcavam de ir ao cinema, fomos todos almoçar juntos e do almoço eles não fizeram nem questão de disfarçar que iriam para o shopping juntos. Um shopping melhor do que o que nós dois íamos, o que eu vivia reclamando de ter que ir porque era perto da casa dele, porque era o que ele queria ir.

Mas agora era diferente. Com o assumido ele aceita fazer os programas que eu queria fazer. Eles conversam o tempo inteiro, ele nunca falava comigo. Parecia que ele só esperava a hora de chegarmos em casa, trancarmos a porta do quarto para ele subir em cima de mim e me amar.

Isso não bastava para mim. Eu queria um companheiro. Ele virou companheiro do assumido e eu não sei que sentimento foi esse que tomou conta de mim. Saí do almoço com um misto de raiva e vontade de chorar, ou então a minha raiva era tanta que me dava até vontade de chorar. Quase perdi a estação na qual eu devia fazer a transferência de linha.

Fui ao shopping, e lembrei que tinha um encontro.

O primeiro rapaz, o primeiro que conversou comigo no msn, que me deixou esperando por alguns minutos e não apareceu. O mesmo que não me respondeu por uma semana até eu desistir. Essa semana ele decidiu puxar assunto.

Disse que queria me ver, que estava com saudades e que não me respondera porque eu estava sem foto. É claro que eu não acreditei, mas eu já não estava mais me importando. Marquei com ele de vê-lo hoje.

Nos encontramos depois do filme, quando tudo se somava: a tristeza por ir ao cinema sozinho, por lembrar do meu ex-namorado que já estava quase namorando, pelo filme em si... tudo. Depois de tudo isso foi bom vê-lo.

Fomos para a casa dele, onde ficamos sozinhos e transamos. Nunca pensei que seria capaz de fazer sexo daquele jeito só por fazer com um desconhecido. Mas fiz e foi ótimo.

Senti o que é gozar de verdade, senti o pênis dele dentro de mim e achei maravilhoso, adorei tudo, adorei o jeito com que ele me pegava e a mão dele passando por lugares inimagináveis. Adorei ele. Tão bonito, tão gostoso, uma pessoa que sabia o que estava fazendo e que me dava inspiração para criar de maneira surpreendentemente. Foi maravilhoso para nós dois, tenho certeza.

O melhor é saber que não vamos nos falar amanhã e ele não vai esperar de mim mais do que comentários sobre o sexo maravilhoso que fizemos repetidas vezes. Sentir ele tão perto de mim... já havia esquecido o que era ser amado na cama, sentir uma boca lhe fazendo carinho onde houvesse para fazer.

E fui para casa.

Pensando não mais no meu ex-namorado, mas sim no eu amigo hetero. Pensando que hoje fora maravilhoso com o amigo virtual, mas que seria ainda melhor se eu estivesse namorando alguém que eu pudesse fazer tudo o que fiz hoje com uma certa freqüência.

E a pessoa certa seria meu amigo hetero ou uma variação disso. É o perfil que eu procuro. Ontem eu fui encontrar minhas amigas na pizzaria depois do serviço. Um dia longo que se iniciou com um encontro com o meu amigo hetero.

Tínhamos ido juntos de carro para o serviço ontem, ele havia me ligado na quinta a noite me oferecendo carona. Eu aceitei. À tarde, perto do fim do dia, ele ligou para o meu setor, perguntando se eu iria embora aquela hora. Eu disse que sim, mas que não iria para casa.

Ele demonstrou desapontamento. “Poxa, vai me deixar sozinho plena sexta-feira?” Palavras faladas em tom de brincadeira. “Pois é, hoje você se livrou de mim. Amanhã, sábado, você vem trabalhar?” Não poderia perder a oportunidade de ter uma carona assim, já que havia tanta boa vontade. “Não, vou pra praia, mas faz uma coisa, quando você tiver pra sair daí, me liga que eu vou aí te buscar.”

As coisas vão ficando mais problemáticas para mim, nessa relação. E agora, terminando de escrever, vejo que talvez devesse ter deixado esse amigo virtual para uma próxima oportunidade. Talvez devesse ter ligado para o amigo hetero. Talvez eu teria uma chance.

7 críticas:

Nadezhda disse...

Vou raramente ao cinema. Justamente porque ninguém vai, e não tenho vontade de ir sozinha. Mas achei interessante a idéia do filme quando vi uma matéria sobre ele.

Já que falou em filmes, o título de um é "Solidão à dois". A história não tem nada a ver com casais nem nada, mas prova que existem pessoas solitárias, vivendo juntas.
E pode haver felicidade também, vivendo sozinho.

Agora já passou. Ligue um dia desses pro seu amigo, apenas para jogar conversa fora. Quem sabe ele não se anima com você.

;)

PS: Postei hoje!

Rafaela Abreu disse...

Às vezes dá até uma tristeza, tbm. A gente nunca sabe de nada e depois pensa no que deveria ter feito... nunca saberemos o q fazer ...


Big Bju !!!

Goiano disse...

menino eu nunca vou sozinho ao cinema... carrego ate a vizinha velha para fazer companhia...

psiquiatras dizem q isso é inseguranca, mas é so no cinema q nao vou so... e no motel ... pq ai nao tem graça mesmo...


eu acho q vc devia dar corda p o amigo het... as vezes ele precisa de um empuraozinho

Fláh disse...

Nossa, que vida!
Realmente nao tme nada de rotina ai, pelo menos nao vejo isto.
Beeem,
vou muuit ao cinema, mesmo que sozinha, gosto bastaante.
Mas tenho certeza de que vc vai encontrar quem procura, afinal todo mundo teem sua metade.
E ligaaa pra seus amigo simm,
afinal que mal há numa ligação?

:)

Pollyanna disse...

Eu vou ao cinema sozinha. Apesar de ser mais legal ir acompanhado, tem aqueles dias que você precisa estar só... pra organizar os pensamentos.

é tão dificil tentar imaginar o que se passa na cabeça das pessoas... mas sempre vale a pena fazer tudo o que estar ao nosso alcançe... realmente um telefinemazinho não vai fazer mal a ninguém!

beeijo

Goiano disse...

que tal ser Gay Guru?
tem uma disputa no meu blog
bjos se puder participa

Râzi disse...

Meu querido... seguindo o comentário do Goiano... vc bebe?

Rola uma bebedeira com o amigo???

Essas situações não resistem a uma boa bebedeira!

Agora, meu querido, procura se afastar no ex... é o melhor que vc faz!

Beijão!