Amigos

sábado, 15 de março de 2008
Artesanato de Antonio de Castro


Um dia depois do estranho incêndio que me deixou uma forte ardência na mão, que até hoje insiste em passar, lá estava eu, acordando às cinco da manhã para ir para o trabalho, de onde eu iria mais uma vez ao hospital de queimados no Andaraí.

Para me levar ao trabalho, estava o carro do meu amigo hetero, às 5:40 am parado em uma das ruas vizinha a minha rua. Entrei no carro, quando ele admitiu não lembrar qual das ruas era a que eu morava. Não havia problema.

Não depois daquele dia anterior, quando ele se mostrou tão preocupado e me acompanhou até o fim do dia e me ajudando em tudo o que pudesse me ajudar. Desde abrir a

porta do carro a tirar os biscoitos ara eu comer do pacote na minha mão boa.

Demorou uns trinta segundos até eu lembrar que era o dia de seu aniversário. Abracei-lhe e senti que era muito mais do que um abraço, onde eu aproveito a oportunidade para sentir sua pele na minha pele. Sinto que é um abraço de amigo. Que finalmente entendi o significado da nossa relação e que precisou um incêndio daquele para eu ver que não havia atração sexual alguma. Que o que havia era pura e simples admiração.

Fomos conversando como de costume. Piadas sobre aniversário e sobre maturidade. Chegamos e lhe dei o presente que havia comprado desde o início da semana. Ele nem acreditou. Não esperava realmente que, para mim, nossa amizade era tão importante quanto era para ele. Pareceu eu só ali, naquele momento em que eu lhe entregava o embrulho com uma camiseta humilde, só naquele momento ele se certificou de que ele era importante para mim.

Que ter sua companhia era algo que me deixava diariamente feliz e que todos os momentos em que ele me decepcionou, a decepção foi realmente grande, que eu nuca esperava nada que não fosse amizade e o carinho que eu tinha com ele em troca de tudo o que eu sentia.

Depois fomos novamente para o hospital, onde ele não pôde ficar dessa vez, devido ao trabalho que lhe aguardava na empresa. Mas mais de ma vez ele ligou para saber como eu estava, se eu estava bem, se já tinha sido atendido e tudo o mais.

Enquanto isso, as pessoas mais próximas a mim, que haviam ficado realmente felizes com a atitude de meu amigo hetero ao apagar o fogo no dia anterior ficaram encarregadas por mim de arrumarem a festa surpresa para ele.

Quando eu cheguei no meio da tarde, já estava tudo organizado, todos avisados e ele envolvido demais com o trabalho para pensar se haveria ou não festa surpresa para ele. Tudo isso ficou ainda mais claro na hora da festa, quando eu pude ver seu sorriso envergonhado e os olhos cheios de lágrimas por trás dos óculos.

Rindo para mim, como se eu fosse o culpado por sua timidez. Mandando eu parar de cantar parabéns, quase me agradecendo emocionado. Nos abraçamos de novo e esse abraço demorou ainda mais tempo.

Agradeci por meu ex-namorado estar de férias e não ter presenciado toda essa evolução da amizade entre mim e meu amigo hetero, gerada por todos os últimos acontecimentos. Desde o envolvimento como trabalho quer nos unia mais uma vez até o acidente que sofri e sua participação na hora de me ajudar. Participação incondicional.

Depois da festa voltamos para casa juntos. Conversamos mais ainda, coisas diversas, sem momentos de constrangimento. Ele me agradeceu pela festa, me abraçou e ficou o tempo inteiro fazendo arinho na minha cabeça, como um irmão mais velho faz no mais novo depois de uma demonstração de amor fraterno como a que eu e todos os amigos que gostavam dele fizeram.

As reclamações de durante o dia inteiro de que ele estava passando mal se confirmaram e no meio do caminho aumentaram. A dor no corpo ficou ainda mais forte, segundo ele, e a vontade de vomitar também. O rosto estava queimando e eu não sabia o que fazer. Era muito azar mesmo, sentir tanta dor no dia do seu aniversário e ainda ter que dirigir no engarrafamento e na chuva até em casa.

Deixei preocupado no meio do caminho para que ele chegasse o quanto antes em casa para sua mãe cuidar dele, para a namorada poder abraçá-lo. Mas seu rosto de dor, de tonteira não saía da minha cabeça. Estava preocupado e tudo o que podia fazer era ligar.

Liguei pela primeira vez para ele. Demorou a atender e quando atendeu disse que estava dormindo e que depois ligava. Era cedo para estar dormindo, mas se ele estivesse muito cansado era compreensível.

Como prometido ele me ligou. Pela primeira vez também, conversamos, como amigos conversam. Ele me falou de como estava se sentindo naquele momento e de como fora no dia anterior no médico. Do que mais ele sentira ao chegar em casa e do que fizeram para melhorar. Eu fiquei comentando como era falta de sorte ele ter adoecido no dia do aniversário dele, fazia piadas para reanimá-lo e desejava que não demorasse muito a melhorar.

Agora estou indo dormir com a sensação de que ganhei um amigo para levar pro resto da minha vida e rezando para que nenhuma doença se desenvolva nele agora. Não agora que estou tão próximo dele, não agora que ele virou meu amigo de verdade.

Penso no que vou dizer na minha oração de hoje de uma coisa tenho certeza, meu amigo hetero irá fazer parte das minhas preces, sua saúde irá melhorar com a ajuda de Deus e vou poder tê-lo por muito mais tempo.

7 críticas:

Nadezhda disse...

Espero que ele não adoeça mesmo. porque agora que a amizade de vocês está ficando mais forte, seria bem triste!

Mas que bom que você se 'acertou', no que diz respeito a perceber que era só uma amizade entre vocês ;)

Rafaela Abreu disse...

Espero q seja uma amizade plena.


Bjo!

Anônimo disse...

Rapaz! que sintonia... Meu ultimo post ta praticamente com o mesmo título!! quando vi aqui nem acreditei..
Mas voltando ao assunto, seu amigo é bem legal, e vc mais ainda!
bom saber que voce esta feliz mesmo depois daquele fogo..
^^

Goiano disse...

pois é tocha humana fico feliz por vc ter descoberto um grande amigo

ehhehe
e nao apela com a piada
é so p descontrair
bjos

Anônimo disse...

logico que não é bobeira..
amigos virtuais também existem e muitas vezes são tão importantes quanto os reais, afinal do outro lado do computador também tem outra pessoa..
não vou sumir igual antes não, só quando viajo mesmo

^^

Raphinha disse...

Cara fiquei preocupadérrimo!
E como vc tá agora?Meo Deos, tendencias suicidas não heim!?

:)

Cara que bom que vc está desenvolvendo essa amizade, espero que tudo dê certo e que cada dia fique mais forte.

Grande abraço.
Até.

*Fique bem*

Râzi disse...

Meu querido, o modo com vc fala desse seu amigo me deixa com uma sensação gostosa no peito! Como quando se recebe um carinho que alguém que se gosta!

Fico muito feliz que esse sentimento esteja crescendo entre vcs!

Beijão e boa sorte com tudo!
:D