Feminino

sábado, 8 de março de 2008
Artesanato de Antonio de Castro



Hoje acordei pensando nas mulheres. O motivo era muito mais do que o simples fato de hoje ser o dia internacional das mulheres. Os pensamentos vieram acrescidos de coisas que têm me acontecido a vida inteira.

Parei para pensar na minha vida e no quanto as mulheres são importantes para mim e reparei que apesar de ser homossexual e optar por manter relacionamentos com homens, as mulheres são minhas grandes paixões.

Desde que me entendo por gente me vejo rodeado por mulheres. Sempre tive mais facilidade para lidar com elas.

No início eram as minhas tias e minha mãe, meus primeiros exemplos de mulheres. Uma forte, autoritária, cheia de si própria a qualquer momento do dia ou da noite. A outra humilde , mais ainda eu diria, humilhada pela vida e pelo marido, dizia sim para tudo o que impunham. A terceira uma jovem de liberdade, lhe fazia o que dava na cabeça e mergulhava em suas atitudes de cabeça.

Eram os anos 90 e as mulheres para mim eram isso. Pessoas que levavam e buscavam seus filhos na escola, mulheres que faziam a melhor comida e faziam compras que duravam o dia todo e garotas que descobriam o mundo que se mostrava e aproveitavam.

Depois vieram as professoras. Minhas eternas mulheres-exemplos. Daquelas que não fazem sexo nem menstruam. Daquelas que só existiam nas horas da tarde que passavam me ensinando a ler e a escrever. Daquelas que usavam roupas de professoras e tinham letras de professoras.

Era um amor incondicional. Tanto que amava até seus namorados. Sinal de sexualidade diversa que nascia ou que se desenvolvia. Amava lhes mandar cartas de amor, lhes dar parabéns pelos dias das professoras e das mulheres e por todos os outros. Amava lhes ver na frente da classe tão mulheres e lhes chamar de tias.

Em seguida as primeiras meninas de sala de aula. Começava sempre como uma amizade e depois de alguns dias era paixão. Me encantavam tanto que as queria para mim. Imaginava os beijos, imaginava os abraços e ficava sempre tímido quando o assunto “ele gosta de você” surgia. Ou quando perguntavam para gente se nós éramos namorados.

Não conseguia nunca ver hipótese de não haver um namoro meu com essas mulheres-meninas. Mas só eu. Elas nunca queria nada comigo. Diziam que não queria atrapalhar a amizade. E se a gente parar de namorar? Não vamos mais ser amigos.

Hoje percebo que o que foi minha primeira decepção com as mulheres pode ter sido a oportunidade de amá-las para sempre.

Depois dessas por quem me apaixonei ainda vieram muitas paixões e muitas que só eram objetos de inveja minha, uma inveja branca, do tipo “queria ser mulher para ser como ela”. Mas nunca dava certo. A amizade sempre entrava na frente.

Graças a Deus.

Caso as mulheres não preservassem minha amizade, pondo de lado qualquer relação sexual com elas, minha história com as mulheres talvez nunca tivesse sido escrita. Hoje vejo que sempre amei mulheres. De diferentes maneiras, com diferentes intensidades. Mas amei. Incondicionalmente.

E ainda amo-as. Porque, graças a elas mesmas, esse amor foi preservado e dura até hoje. Talvez se eu tivesse mais experiências amorosas com mulheres, hoje não teria tantos motivos para amá-las.

Amo-as, tanto que tento substituí-las.

Sei que parece meio estranho dizer isso. Admitir desse jeito tão frio, em uma frase de cinco palavras, mas é a mais verdadeira sentença do meu amor por elas. As mulheres da minha vida. Me fizeram mais sensível e mais forte. Me ensinaram a ser mulher e a ser homem. Me ensinaram a amar um terço do que são capazes.

Amo ser amado como uma mulher, amo ser tratado como uma mulher, por mais que soe doentio. Mas sei que não sou uma mulher, que não chego nem aos pés de ser uma mulher. E essa diferença é muito maior que meros órgãos sexuais. É algo invisível.

É algo sensível. Que só mulheres podem sentir. É coisa de mulher.

4 críticas:

Eu disse...

O ke percebi fica para mim mas adorei ler.
Passe no meu blog

Eu disse...

Obrigado pela visita passarei aki mais vezes

Raphinha disse...

Muito bom.


Agradeço por se preocupar.

Grande abraço e se cuide.

Nadezhda disse...

Falando assim, se parece bastante com um amigo meu, apaixonado pelas mulheres. Não como homem, mas por admiração, de ser humano para ser humano.

;)