Sin

sexta-feira, 16 de maio de 2008
Artesanato de Antonio de Castro

Só fui lembrar da quarta-feira agora, quando cheguei da faculdade e minha mãe disse que um tal de ******* tinha ligado ontem procurando por mim e tinha ligado hoje mais de três vezes, querendo saber se eu já tinha chegado.

Nem pensei no meu primeiro beijo homossexual público na quinta a noite, quando eu deveria estar me encontrando com ele na biblioteca. Iríamos conversar e acertar as contas definitivamente.

Estava me divertindo. Fomos eu e uma amiga do trabalho para a casa de uma outra amiga, conversamos um pouco, lanchamos daqueles lanches que se fazia antigamente e de lá fomos para a tal chopada.

A primeira de muitas chopadas. Diversão pura. Dancei como nunca e bebi também. Muito, de um jeito que não estou acostumado. Chorei, como sempre acontece quando meu nível alcoólico atinge um certo nível e comecei a pensar em quão infeliz eu sou.

É justamente naquela hora da festa quando ta todo mundo arrumado, se pegando e você se pega fora de si, com a vista embaçada, dançando sozinho como se estivesse acompanhado. As luzes se acenderam e eu pude lembrar o quanto era diferente de todas aquelas pessoas.

Eu era gay e estava bêbado e desperdiçando um garoto que sempre amei, no qual penso depois de anos de afastamento... Enfim. Eu era gay e ainda por cima um gay idiota. Nem por isso parei de beber, de dançar, de ir até o chão. Vez ou outra pensando se o jeito que eu estava dançando denunciava que eu era viado.

Hoje eu fui para faculdade de manhã. Com medo de encontrar ele lá e não saber como me desculpar. Não encontrei. Fui trabalhar, dia normal. Faculdade de novo. E depois casa. Casa e telefonema dele.

Não pensei duas vezes e peguei o telefone para lhe ligar. Dei um toque para o seu celular e ele retornou para minha casa. Aproveitei uns DVDs que entretinham minha mãe no meu quarto e conversei.

Ele, claro, perguntou o que aconteceu, que história era aquela de chopada que minha irmã tinha lhe dito ontem, quando ligou. Eu expliquei, falei da festa e ele nem perguntou mais. Só falou que precisava me ver de novo e que fosse amanhã. Em qualquer lugar.

Fiquei com medo de a coisa ser só sexo e deixei bem claro para ele quando ele usou a expressão “qualquer lugar” que não iria para o motel com ele. Ele disse que não tinha nem pensado nisso, ficou super-sem-graça e disse que nem sabia como seria o sexo entre a gente.

De repente percebi o quanto estou me envolvendo com um hetero recém-homo. Um hetero por quem eu sou apaixonado. Ele disse que só pensava em mim e falou coisas bonitas. Eu não falava nada, só ouvia. E quando falava, era algo sobre a faculdade ou sobre o trabalho.

Foram longas duas horas de papo furado ao telefone. Coisa que nunca tinha feito com ele. Era algo agora. Decididamente. Amanhã vou vê-lo. Vamos sair para comer uma pizza e andar no shopping. Passeio de amigos coloridos.

Enfim, pode ser só felicidade instantânea por ter esperado tanto tempo por algo tão longe da realidade, mas vou aproveitar cada segundo que puder. E se não der certo, foda-se. Pelo menos eu vivi.

E quanto ao sexo... eu disse que não rolaria, mas é só no que penso. Como será e quando. Mas não serei eu a decidir isso. Não mesmo.
Ouvindo: Cry me a river - Justin Timberlake

7 críticas:

Nadezhda disse...

Aproveite os momentos ;)

Leo disse...

UHUUU!!! To muito animado por você! :P
Deixar rolar é a melhor coisa que você pode fazer (eu acho... hehe)
BOA SORTE! E Carpe diem!
Bjs

Kamilla Barcelos disse...

Aproveite ao máximo... E tente expressar a ele tudo o q vc sente, lembre-se q a vida é só uma, e não é sempre q nós encontramos pessoas especiais!

Mari disse...

Curta o maximo cada segundo disso!!!
bjoo

Pollyanna disse...

Boa sorte, muita calma, e muitos momentos bons pra serem lembrados mais tarde!


p.s: Pequeno, mil desculpas mas acabei deletando uns rrecadinhos sem querer! O teu foi um deles, e infelizmente nem cheguei a ler!
Soorryy!

Anônimo disse...

que bom que vc voltou. tava com saudade

Rafaela Abreu disse...

Nossa, que bom!
Quer saber, manda tudo pro espaço, vai ser feliz, rapaz!

É tão bom viver...