Infância

terça-feira, 1 de julho de 2008
Artesanato de Antonio de Castro

Ontem foi a última oportunidade de estudar para a apresentação final de um trabalho que eu venho fazendo em grupo há mais ou menos dois meses. Minha tática: gravar a apresentação e ficar ouvindo até fixar, quem sabe não é verdade essa história de o subconsciente absorver a informação?

Resultado: Peguei no sono e quando fui ver já eram sete horas da manhã de hoje, hora que eu deveria estar chegando no trabalho. Só deu tempo de tomar um banho hiper-rápido, colocar a primeira roupa que vi e ir embora enfrentando o metrô lotado.

Foram longas horas de trabalho, que passaram, dando início à parte do meu dia dedicada à faculdade. Saindo do elevador do terceiro andar do prédio de Química, encontrei minha melhor amiga da época do ginásio. Não me fiz de rogado e saí abraçando-a calorosamente.

Ela começou a gritar e só então percebi que não era a minha amiga. Vergonha pura tomou conta de mim. Mas nem deu tempo da vergonha durar mais que quinze minutos, afinal ainda havia a apresentação a ser feita.

Sucesso. Me senti novamente como antigamente, recebendo os elogios, sendo convidado para apresentar o trabalho final em uma aula dos calouros do semestre que vem. Os professores que avaliaram realmente gostaram.

Foi bom, massageou meu ego, que precisava. Principalmente agora, depois de ter reprovado direto em cálculo, sem nota até mesmo para ir para a prova final, que seria a última chance de um aluno que tem chances. Só que eu não era um desses alunos. Pela primeira vez na vida, eu fazia parte dos alunos que não tinham chances e eu não sabia como lidar com isso.

Depois dessa cruel reprovação, que até agora não engoli, já se passaram quatro das outras cinco disciplinas que restavam. Todas terminadas com louvor. Uma até mesmo com elogios do professor. Pode parecer pouco, mas vocês não imaginam como um legítimo leonino se sente com um elogio, eu sou movido a reconhecimento.

Ao fim da aula, foi a hora de ir para o shopping, coisa rápida, comprar uma lembrancinha para minha irmã, hoje era aniversário dela. Só então, ao tentar escolher o bendito presente, percebi o quanto somos afastados, o quanto conheço ela pouco.

Essa distância diminuiu na hora que ela chegou da igreja e me deu um beijo bem íntimo, na boca, como fazíamos quando éramos menores, agradecendo o presente. Eu sei que aquele beijo não era só pelo moleton, era mais, era por tudo, era reconhecendo o quanto eu a amo. Admiro irmãos que são amigos e só Deus sabe o quanto sinto falta de poder ter minha irmã como minha amiga de verdade.

No shopping, enquanto penava para encontrar algo que prestasse, encontrei um outro amigo da época do ginásio, um que completava o grupo junto com a menina de quem eu comecei falando. Nos cumprimentamos, ele estava acompanhado e eu também por uma colega da faculdade.

Deve ter uns seis meses que eu sei que ele se assumiu homossexual e eu admiro por isso, por ter tido a coragem que eu até agora não tive e encarar a todos para ter a oportunidade de ser feliz. O menino que estava com ele devia ser seu namorado e percebi o qu8anto eles formavam um casalsinho bonitinho e o quanto estou perdendo por causa desse maldito preconceito que ainda existe na nossa sociedade.

De repente percebi o quanto sentia falta daquela época e o quanto havia me distanciado dessa gente que fez parte da minha pré-adolescência de modo tão intenso, com eles descobri milhões de coisas que se descobre nessa época, vivia na casa dos dois, éramos realmente íntimos, eu e a menina então... íntimos de trocar selinhos aos treze anos, quando selinho é algo importante.

E comecei a me perguntar por que deixei as coisas ficarem como ficaram. Eu encontrar o meu melhor amigo, cumprimentar e deixar passar. Liguei para minha amiga, ficamos uma hora conversando e decidi que virou meta: Precisamos marcar de sair, nós três. Precisamos nos sentir novamente como antigamente, fazer um reencontro nos estilos série americana. Sentar para beber, comer pipoca e ver fotos. Lembrar de acontecimentos engraçados e rir até a barriga doer. Quero ver ele falando dos seus casinhos com meninos, quero ver ela falando de como é difícil arranjar um homem que lhe dê valor. Quero voltar no tempo e viver a oitava série primária mais uma vez.

Ouvindo: You Are So Vain – Carly Simon

7 críticas:

Nadezhda disse...

É bem difícil juntar os meus amigos da oitava série. E são os que eu mais sinto falta. Foi cada um para um lado...

;)

Râzi disse...

Ah, as coisas de antigamente nunca tem o mesmo sabor quando as experimentamos hoje...

Sei lá, prefiro coisas novas que tentar a velhas! Melhor as lembranças!


Beijão!

Ju disse...

essa sem dúvida é uma das melhortes épocas da vida...tenho muita saudade dos meus amigos de escola, o ruim é q realmente perdemos o contato mais proximo com praticamente todos, salvo um ou dois.
seu texto deixou ai uma boa reflexão sobre o assunto. =)

Leo disse...

Outro dia eu tava lendo o blog que eu tinha quando ainda tava no colégio e mantive até uns 4 anos atrás com meus amigos do colégio (entre eles o tal que eu gostava). Ele ainda está no ar, embora ninguém escreva mais nada.
Fiquei tão melancólico! Era um tempo tão bom.
No entanto tudo muda, e hoje todas as vezes que nos reencontramos, nunca é tão legal. É verdade que tenho muita história com o amigo que gostava, mas mesmo com os outros, não é a mesma coisa.
Acho válido você reencontrar seus amigos, mas vá sem expectativas. Não espere curtir e se divertir como costumava fazer. Eles mudaram e vc tbm!
bjs

Homem, Homossexual e Pai disse...

resgatar os amigos sempre é importante. copm certeza vai precisa deles na hora em que assumir! pois muita gente vai SUMIR da sua vida!

Goiano disse...

meu bem
vc foi um sucesso
parabensssssss


e volte a vida no msn!!!
please

Rafaela Abreu disse...

Entendo perfeitamente como é ser leonino... tbm sou...rsrs

Boa sorte, sempre!