A vida toda

domingo, 3 de agosto de 2008
Artesanato de Antonio de Castro

Estive pensando na vida. Sábado que vem vou fazer 19 anos e parece que tudo continua tão parecido. Tirando algumas aventuras que aconteceram nesse ano que vou comemorar.

Não posso dizer que a vida deu um stop. Seria mentira. Tenho andado para frente sempre. Conheço pessoas todos os dias, ainda que não seja nada espontâneo conhecer pessoas através do bendito chat da UOL. Existiram até alguns encontros. Uns que viraram cenas da podridão que também habita meu ser. Outros que me mostraram a podridão alheia.

Andando de metrô hoje, decidi ligar para o menino do último encontro, o Católico. Ocupado. Até me surpreendi. Quase nunca eu ligo ara um celular e ele está ocupado. Na verdade nunca vi algo do tipo.

Mas nem dez segundos depois uma ligação privada me retornava e era ele. Reconheci pela voz. Falei algo sobre seu telefone estar ocupado e tal. Ele não me entendeu direito, a ligação não estava boa. Perguntou quem estava falando. Eu disse meu nome e ele perguntou de onde me conhecia.

Ele poderia perguntar isso, afinal de contas foi só um encontro. Nós nem nos beijamos. Foi só uma viagem de metrô, que dura 38 minutos. Depois disso se passaram duas semanas, eu acho, e nenhum sinal de vida de ambas as partes. Mas eu saberia que era ele. Na verdade, eu ainda esperava ele me ligar quando recebesse, como ele dissera que faria. Mas era só um fora. E ele nem era bonito. Era normal.

Uma pessoa normal, do tipo que eu consigo sem fazer grande esforço.

Desliguei o telefone sem responder e decidi que não ligo mais. Estava na cara que ele não queria tentar. Talvez já tivesse tentado com outros três ou quatro garotos nesse tempo em que me dediquei quase que totalmente ao meu trabalho.

Meu telefone tocou de novo e eu ainda nem tinha saído do metrô. Não queria que fosse ele, o Católico, novamente, querendo saber quem era no telefone. E, graças a Deus, não era. Era o menino da faculdade. O que tinha uma namorada, estava para casar, com quem fiquei naquela noite da tequila e de quem estava com vergonha de encarar no dia seguinte. Aquele que fingiu que não lembrava o que tinha acontecido.

Ele estava ligando para saber quais matérias eu tinha puxado na faculdade esse semestre. Faríamos juntos Inorgânica Experimental I. Depois o papo foi andando até chegar na minha hora de desembarcar. Quando ele perguntou se eu não queria sair com ele naquela noite, ou seja, hoje.

Eu disse que sim. Iria para casa. Ficaria vendo uns DVDs de Friends. Comeria pão doce e beberia chocolate quente. Um programa bem depressivo e sozinho. Pensando em como eu era descartável. Olhando as meninas que vi nascer, da vizinhança, rindo e olhando de esguelha os meninos, imaginando como todos estavam me superando, como todo mundo iria arranjar alguém e eu não.

Quando cheguei em casa, minha mãe não estava, nem minha irmã. Quem estava lá, na calçada, sentado no meio-fio, era o menino do beijo na rua, dos telefonemas, do Segundo Grau.

Nem soube o que fazer. Todos os meus vizinhos vendo ele ali. Umas crianças brincavam na rua, jogavam bola, inclusive o menino que cresceu comigo, sobre quem eu também já falei.

De repente parecia que a minha vida amorosa toda estava vindo me cobrar. Por que as coisas não se ajeitam de vez?

Deixei ele entrar. Conversamos rápido porque eu estava com medo da minha mãe chegar da igreja. Tempo suficiente para ele me dizer que sentia a minha falta no mesmo discurso batido. Tempo suficiente para eu encurralá-lo pela primeira vez e perguntar por que ele não larga de uma vez a namorada.

Tempo suficiente pra ele me dizer algo que não ouso reproduzir, não ouso nem lembrar, bem guardar na memória. Tempo suficiente para eu não querer mais nada com ele. Não querer sair tampouco. Liguei para o meu colega da faculdade e desmarquei. Inventei qualquer história esfarrapada sobre a minha mãe.

Peguei o bendito box da terceira temporada e assisti. Longas cinco horas de Friends. Foi bom. Eu ri. Eu comi. E agora eu escrevi. Algo que precisava há um tempo. Precisava dormir. Talvez tanto quanto preciso dormir.


Ouvindo: Save me From Myself – Christina Aguilera

3 críticas:

FOXX disse...

olha
outro leonino
eu faço aniversario domingo q vem
hehehe


gente
qntas pessoas ao mesmo tempo num post só

BinhoSampa disse...

caracas..porque nao saiu com esse povo...se joga em cima deles... não seja recatado...uma hora vc acerta...

Se o cara sente falta de vc...fica com ele..mesmo que ele namore... aproveita os seus dias...como vc mesmo disse...vai fazer 19 anos... e depois vão vir os 29...39... e não verá o tempo passar...

Aproveita a juventude....e seja feliz...ao inves de ver a vida passar em umas séries.... hehehe

Abs:-)

Leo disse...

Pros héteros é fácil, né?! Se arranjam... e a gnt sofre.
Eu tenho tentado não cultivar a tristeza ultimamente. Já recusei muitas saídas por uma box de Friends. Não faço mais isso. Se tenho um convite, saio. Mesmo que não queira. Mesmo que vá ser horrível. Mesmo que já esteja de pijama pronto pra dormir. Qualquer coisa é melhor do que cultivar essa tristeza que não vai te levar a lugar nenhum.
E a box de Friends vai sempre estar lá.. pras horas em que ninguém te chama pra nada. Dessas sim, não tem como fugir.
abs